Kad Carolina

Kad Carolina me encontrou no Flickr, se admirou com minhas aventuras e me contou de toda sua sede para fazer solos que nem os meus. Sobrava-lhe força de vontade e a faísca da coragem, mas lhe faltava técnica, experiência e equipamentos. Em nossas conversas ela se mostrou bastante capaz e eu resolvi apostar em seu […]

por em 18/May/2008
Com a presença de: Kad
Revisado por: Vê Mambrini

Kad Carolina me encontrou no Flickr, se admirou com minhas aventuras e me contou de toda sua sede para fazer solos que nem os meus. Sobrava-lhe força de vontade e a faísca da coragem, mas lhe faltava técnica, experiência e equipamentos. Em nossas conversas ela se mostrou bastante capaz e eu resolvi apostar em seu treinamento. Aqui vai o relato da Kad, de nossa primeira aventura:

?Nos encontramos às 21h, na frente do McDonald’s. Eu tinha ido fazer uma entrevista de emprego neste dia e marcamos de nos encontrar para conversar um pouco. Quando cheguei, Lex me deu três opções: 1) poderíamos ir a algum lugar qualquer; 2) comprar a cerveja no mercado e tomar em algum lugar ou; 3) ir até a casa dele e pegar o equipamento para ir trilhar no outro dia. É óbvio para quem me conhece que parti para a 3ª opção. Um dia antes havíamos começado a planejar a trip do feriado que viria na semana seguinte e eu já tava alucinada com os planos.

Passamos no mercado, compramos algumas coisas para o dia seguinte, corremos para organizar as coisas e terminamos só 23h20. O tempo estava correndo contra nós (ele sempre corre!), quando chegamos à Estação da Luz já era 00h04. Perdemos o último trem para Rio Grande da Serra, mas por sorte conhecemos um casal muito legal, Patrícia e Fernando, que conhecia um outro caminho de ônibus, a única coisa que seria viável àquela hora. Pegamos o subway para o Terminal Pq. Dom Pedro. Só tinha um pequeno problema: eu estava vestida socialmente, de salto alto, e passaríamos pelo Glicério (mais famoso como “Boca do Lixo”), e não deu outra: Lex estava com o seu boot dentro da mala, ele o calçou e eu pus a papete dele (ficou ridículo), coloquei minha bolsa dentro da mala (eu parecia incrivelmente uma mocinha naquela noite). O Fernando estava alucinado por causa do lugar por onde passaríamos, pediu para que ficássemos calados para não chamar a atenção e nós dois nem aí (com medo, mas nem aí..). O lugar era horroroso, tinha até fogueira embaixo da ponte. Chegamos “vivos” ao terminal de ônibus e de lá teríamos que pegar outro ônibus até o Sacomã (via sacra). Descobrimos que o bus só saia as 2:10 da manhã e o jeito foi ir tomar um café e esperar, ainda era 1h20. Nesse tempo pudemos conhecer melhor o casal. No ônibus eles desmaiaram abraçados e nós ficamos escutando música e conversando, a jornada foi longa. Chegamos em Ribeirão Pires umas 3h00, a cidade estava fantasmagórica e o clima estava gelado. Fernando nos perguntou se tínhamos dinheiro para pegar um táxi (eu tenho a impressão de que ele nos achou esquizofrênicos… hehehe). Descemos no centro de Rio Grande da Serra porque estávamos sem dinheiro para ir até em casa, andamos uns 3km e chegamos às 4h15 em casa. Eu fiz um café ultra-forte, coloquei um vinil do Pink Floyd e acendi um incenso… Lex ficou viajando e eu comecei a me preparar para partir. Pegamos correndo o ônibus das 6h, paramos na padaria, tomamos um café reforçado e enquanto esperávamos o ônibus para Paranapiacaba, Lex me deu umas aulinhas de navegação.

Partimos cheios de sede pelo que nos esperava. Passamos em silêncio e agachados pela guarita da MRS, tudo era novo para mim, até o Lex. Eu mais parecia uma criança nadando numa piscina de sorvete. Passamos pelos trilhos e eu tava alucinada, chegando na primeira ponte eu gelei de medo, só consegui passar depois que Lex me deu a mão, o que naquela situação era quase suicídio, mas conseguimos. Do outro lado da ponte, quando olhei para trás, desacreditei no que tinha feito. Tiramos fotos alucinantes dentro dos túneis, passamos por várias pontes e achamos uma casa de máquinas subterrânea, descemos por uma escadinha podre, tudo era lindo, achamos um outro túnel de escoamento de água dentro do túnel, fomos desbravar, eu estava sem minha head lamp, o que dificultou para mim, eu só sentia os morcegos passando sobre minha cabeça.

Continuamos caminhando, paramos dentro de um dos túneis para almoçar e descansar, enquanto Lex fazia o almoço eu fui desbravar as redondezas, achei uma construção não terminada, tinha uma vista linda no alto de um morro. Comemos a goroba do Lex (era gostosa!), ele tirou um cochilo ao som de Supreme Beings of Leasure enquanto eu colhia amoras. Apesar de tanto tempo sem dormir não sentia sono por causa da adrenalina.

Depois de levantar acampamento, achamos uma trilha paralela à do trem, seguimos e achamos um rancho possivelmente habitado, seguimos e como não chegamos a lugar algum voltamos para a trilha original. Quando chegamos na trilha, vimos que o sol estava começando a baixar. Decidimos voltar, passamos pela mesma ponte terrorista (desta vez sem mãos dadas) e começamos a correr quando vimos que o sol estava se pondo.

O trecho mais difícil foi subir um morro enorme sem pausa. A trilha era na mata e se ficasse escuro seria complicado voltar. No final da subida, Lex me deu uma trégua. Descansamos uns 5 minutos e continuamos, o resto foi mais tranqüilo.

Chegando na Vila, uma sensação inebriante de vitória e superação pairou sobre mim, chegamos na hora certa e assim que entramos no Bar da Zilda, já estava escuro. Comemoramos com duas coca-colas, descansamos um pouco e fomos rumo à minha casa. Chegando em casa, jantamos e Lex decidiu partir, pegou o ônibus às 22h e nos despedimos no frio gelado de Rio Grande da Serra depois de 26 horas juntos sem dormir, acabados mas felizes!?

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