Um dublê para cenas perigosas
Olá, amigos! A equipe da produtora Sala 21 está fazendo um filme que é uma mistura de documentário e ficção sobre um esquizofrênico e suas alucinações. É uma produção independente e seu roteiro foi criado tendo em mente a filmagem em Paranapiacaba. Por ser um local maravilhoso para as locações, de curta-metragem, o filme se […]
por Lex em 11/Sep/2009
Fotos: Joana Rocha e Alex Soria
Revisado por: Vê Mambrini
Olá, amigos!
A equipe da produtora Sala 21 está fazendo um filme que é uma mistura de documentário e ficção sobre um esquizofrênico e suas alucinações. É uma produção independente e seu roteiro foi criado tendo em mente a filmagem em Paranapiacaba. Por ser um local maravilhoso para as locações, de curta-metragem, o filme se tornou um média. “Há locação demais para roteiro de menos”, é o que o pessoal disse. O filme não tem nome definido ainda, e mesmo o nome provisório muda constantemente.
De alguma forma o roteirista (que nem sabe-se quem foi, dada a forma como ele são “sorteados”) sabia da existência da ferrovia abandonada. A diretora do filme recorreu a educadíssima MRS, cuja assessoria de marketing não autorizou que a equipe passasse da primeira ponte durante as filmagens. Com a insistência digna de bons brasileiros, acharam um maluco na internet que tem um blog sobre a região e está sempre perambulando por lá (adivinha quem?). Com minha experiência tática convidaram-me para guiá-los até a casa de máquinas abandonada, para fazer as demais cenas. E de quebra me usar como dublê.
Com tudo devidamente combinado, na sexta-feira Joana e eu fomos para a conhecida vila. Encontramos com a equipe de filmagem, combinamos os detalhes de como seria o dia seguinte. A equipe toda é muuuito legal, um mais educado e simpático do que o outro. Eles até tinham uma produtora-coordenadora de arteterapia (seja lá isso o que for). Fomos dormir razoavelmente tarde.
No sábado entramos na ferrovia, pelos desvios que eu já conheço. A equipe: Joana (que foi para fotografar o “passeio”), a diretora Clemie, o diretor de fotografia Ivan e o assistente de produção Erik. Fizemos algumas cenas no túnel antes da ponte da Grota Funda e, naquele calor de rachar, eu tinha que usar um sobretudo de feltro megagrosso, uma calça jeans, coturno, camiseta de algodão e carregar uma mochila bem desconfortável. Mas vale tudo em nome da sétima arte!! Em seguida os levei à Casa de Máquinas. Todo mundo mandou muito bem na travessia das pontes.
Na casa de máquinas P4 fizemos várias tomadas e uma delas é meu personagem (oh!) atravessando a ponte. Pausa para lanches e logo mais, mais algumas cenas. Terminado o trabalho, no caminho de volta fui o cameraman da travessia na ponte!
Ao chegar na vila tomamos algumas cervejas, separamos os equipamentos e eles foram embora. Joana e eu passamos no bar da Zilda para comprar alguma coisa para jantar: nós voltaríamos à P4 para fazer rapel no domingo. Voltamos durante a noite, estava um tempo agradável. Pudemos ver uma turma descendo a trilha do Mogi, devido suas lanterninhas ziguezagueando no meio do mato. Armamos o acampamento dentro da casa de máquinas e fizemos a janta.
No dia seguinte acordamos bem tarde, por volta do meio-dia (isso porque o sol batendo na barraca não nos deixava dormir) e brincamos um pouco nas duas pequenas vias de uns 10m que eu montei para a Joana treinar. O tempo começou a fechar e ficou muito tarde para eu montar a via grande de rapel, de 60m, no meio da ponte. Começou uma garoa fina, e uma neblina que não deixava ver um palmo à frente. Recolhemos o equipa, fechamos o mochilão e começamos a voltar. Era fim de tarde e começava a escurecer.
Já escuro, no meio de uma neblina que cegava, caminhávamos com mochilas idiotamente pesadas (carregar equipa de vertical não é fácil) quando vinha subindo a ferrovia uma turma de 11 pessoas. Comecei a conversar com o cara que estava guiando a galera e fiquei sabendo que era aquela turma da lanterninha no Mogi, da noite anterior. Pouco depois, gritos desesperados de socorro. Joana já havia avançado pela última ponte e eu, alguns poucos metros. Confirmei verbalmente com ela minha volta e que eu iria ver o que aconteceu. Larguei minha mochila e saí correndo em direção ao pedido de socorro. Passei correndo, sumindo na neblina, por aqueles que mal conseguiam voltar, dado o cansaço e a inexperiência. Chegando na beira de uma ponte, estava o povo desesperado falando que um amigo deles havia caído. Não dava para ver nada, todo mundo desesperado, falando alto. Gritei por silêncio e pedi calma.
Virei para o rapaz caído no meio da mata e lhe perguntei: “Alex, você está muito dolorido? Quanto tempo você consegue ficar aí?” e ele me respondeu que aguentava 30 minutos. Mais uma baderna se iniciou, e tive que novamente pôr ordem na casa: “Calma! E silêncio. Há tempo para planejarmos o resgate. Não adianta sair correndo, senão mais gente vai se machucar”. Desci pela lateral com cuidado, e ao me certificar que estava seguro, falei para o guia descer também. Fomos descendo devagar e achamos o Alex sentado, ainda agarrado na árvore, mas no nível do solo. Ele havia caído de uns 5 metros (só pude medir voltando lá no final de semana seguinge, com sol). Ele estava bem, sem nenhum hematoma, nada quebrado, até estava conseguindo ficar em pé. Só tinha um baita corte na cabeça. Avisei a todos que ele estava bem, só precisava de um band-aid; mais tarde no hospital, ele levou 8 pontos.
Eu ainda estava lá embaixo com ele e com o guia… O pessoal queria puxar o Alex para cima, mas tive que planejar de outra forma, mais coerente: pedi que com um facão abrissem a trilha lateral e se aproveitassem de uma antiga escada que havia no local, já coberta pela mata. Aberta a trilha, ajudamos o Alex a sair andando de seu local de aterrisagem. Ele foi devagar e se escorando até a Vila, mas andando por conta própria. Pelo escuro, logística e agitação do momento, a Joana não fez nenhuma foto do ocorrido. Mais tarde, cheguei em casa moído pelo dia, minha mochila estava pesadíssima por causa do equipamento de vertical.
No final de semana seguinte, voltamos lá para fazer o rapel que não havíamos conseguido desta vez. Sábado o fizemos e no domingo os seguranças nos tiraram de lá. Mas isso é assunto para outro post…
11/Sep/2009 as 13:47
Lex,
primeira vez que comento no seu blog. Queria dizer que me identifiquei demais e curti pra caralho teus posts.
Tive a sorte de nunca presenciar uma situação desta com os meus amigos nas nossas andanças. Algumas vezes chegamos perto de um acidente, mas nada se concretizou. O importante é agir como você fez, e já falou mais vezes: com calma. Imagina o pessoal correndo em cima dessa ponte!
Queria mais informações sobre Paranapiacaba e essas trilhas aí, cara.
Um abraço,
Gabriel
11/Sep/2009 as 14:00
Olá Gabriel
Sempre fique a vontade para comentar em meu blog. Farei de tudo para que isso seja a coisa mais fácil possível, sem precisar de moderação ou ter que digitar aquelas chatíssimas letrinhas tortas. E que os posts sejam bacanas também, é claro !
Não se desesperar é fundamental e é o que resolve coisas, mas somente se aliada a agilidade. E não tem jeito, essas coisas só se descobre na hora !
Sobre Paranapiacaba e essas trilhas aí, mande-me um e-mail com as suas dúvidas e eu tentarei ajuda-lo.
abraços
12/Sep/2009 as 19:51
Poxa que legal heim…..
Vamos ver em breve o Lex nas telonas…
Ainda bem que o cara do outro grupo não se machucou muito, deu sorte.
12/Sep/2009 as 21:56
Vou criar a página de autógrafos no blogus, hehehe (brincadeira, claro)
O Alex está bem sim, tenho falado com ele.
abraços !!
26/Sep/2009 as 19:38
Em breve vc vai ser canonizado!!! rsrsrsrs
santo Lex dos perdidos em Paranapiacaba
abraço brother
27/Sep/2009 as 11:15
AHHAHAHAHHA !!! Mas para ser canonizado eu preciso morrer antes… e não está nos meus planos, hehehehe…
abraços !
25/Oct/2009 as 22:06
Finalmente meu amigo, tive a oportunidade de conhecer seu site de aventuras !!
Curti demais as fotos, e como estou instalando (novamente) o GPS em meu cel, e os arquivos são um pouco “demorados” pra baixarem, fiquei caçando em seu blog e achei o título da história muito interessante.
Mais interessante foi o conteúdo da história, além de conhecedor de lugares inexploráveis, é também dublê e no mais salva vidas ….. me orgulho de ter um truta como você !!!!
Isso que a galera não sabe que “nas horas vagas” você salva também os amigos do trabalho !!!! HAHAHAHAHA !!!!
Ótimo este seu blog, alias …. Excelente ….. continuarei visitando pra conhecer mais e quem sabe um dia …. poderei estar com vocês !!!!! HEHEHEHE !!!
Abraços do seu brother PALMEIRA !!!!! sem “S” no final !!!
26/Oct/2009 as 09:54
Digníssimo Palmeira !!
Fico muito feliz com a sua visita! A gente se surpreende com pessoas que estão ao nosso lado e a gente nem sabe, né ? Parece aquela coisa de filme que o faxineiro é um espião internacional ou o estagiário é um assassino de aluguel.
espero que continue gostando do blog! fortes abraços!!!